sábado, 4 de junho de 2011

Leitura: modelos, fatores que determinam sua forma e o seu papel na comunicação e interação social

O presente texto tem como objetivo apresentar os principais modelos de leitura bem como os fatores que determinam sua forma e o papel da leitura na comunicação e interação social.

Cavazoti (2009) afirma: A leitura é uma relação de dialogo que se estabelece entre o leitor e o texto, mas, efetivamente, a produção de sentido não constitui livre interpretação, sendo qualquer afirmação aceitável. Daí a importância da pratica pedagógica capaz de produzir, progressivamente, um leitor capaz de perceber a riqueza das possibilidades e os limites da interpretação do texto.

Apresentando um conceito de leitura, Carvalho apud Sato, afirma que leitura é um processo bastante complexo e que depende de várias condições como o grau de maturidade do sujeito como leitor, o nível de complexidade do texto, o objetivo da leitura, o grau de conhecimento prévio do assunto tratado e o estilo próprio do leitor.

Analisando cada uma das condições temos em primeira análise o grau de maturidade. Por maturidade entende-se o grau de desenvolvimento final orgânico. Nessa ótica, indivíduos mais maduros apresentarão maior capacidade e disposição para a leitura, o processo cognitivo é reforçado pela maturidade cerebral.

O nível de complexidade do texto da leitura pressupõe a adequação do tipo de texto ao leitor. Os diversos estágios do desenvolvimento exigem tipos de textos próprios para esses estágios (infantil, infanto-juvenil, didático e acadêmico). Sobre o objetivo da leitura temos o próprio desenvolvimento cultural social e cognitivo, e a leitura sistematizada e voltada para o aprendizado de algo importante para o desenvolvimento intelectual.

No grau de conhecimento prévio do assunto tratado está um dos reforços mais significativos existentes, o conhecimento historicamente acumulado, a experiência, as várias leituras da realidade. E o que se chama de intertextualidade. Em meio aos discursos apreendidos pela oralidade, o leitor pode ter conhecimentos prévios guardados na memória.

Modelos de Leitura

O modelo de decodificação instantânea é fundamentado no estruturalismo, a teoria filosófica surgida na primeira metade do século XX. Esse modelo tem como método a transmissão do conhecimento, o estímulo resposta, o condicionamento para a aprendizagem. João Amós Comenius, criador do método da cartilha e da transposição didática é um de seus principais teóricos. Comenius é quem oferece a sistematização da aprendizagem e da leitura por meio da cartilha, método que perdurou no longo período de vigência do ensino tradicional. (Cavazoti, 2009)

Outro aspecto da escola de Comenius que cabe mencionar é a instrução simultânea, ou seja, a classe heterogênea com os alunos realizando a aprendizagem ao mesmo tempo em graus de atividades diferenciadas. Dentre as atividades estava a repetição e a memorização.

Modelo de processamento de dados

Os modelos de processamento de dados estão baseados na hierarquia e ordenação de etapas. Baseado nos estímulos e respostas como teorizou Pavlov e Skiner. Dentre os quais apresentaremos: o modelo de mediação sonora, modelo de analise pela síntese e o modelo construtivista.

Para os teóricos da mediação sonora a leitura é entendida como uma atividade exclusivamente de reconhecimento e compreensão, e não como uma atividade que exige a recodificação sonora para alcançar o significado (Carvalho, 2010). Nesse contexto a leitura de um texto não é mera decodificação de sinais gráficos, mas a busca de significações marcadas pelo processo de produção do texto e produção da leitura.

No modelo de análise pela síntese da concepção tradicional onde temos os métodos fônicos e silábicos conhecidos como sintéticos precisamente porque partem das menores unidades da língua. O outro conjunto, o dos métodos analíticos pretendem superar os problemas da leitura e da língua iniciando o processo por uma palavra, por uma frase ou até mesmo por uma história.

Para alguns teóricos do modelo construtivista a maior parte do significado que retiramos de um texto vem de informações não visuais, ou seja, das experiências do leitor. Assim, a apropriação da língua escrita significa mais do que assimilar um instrumento de comunicação: sobretudo a possibilidade de construir estruturas de pensamento capazes de realizar abstrações necessárias à apreensão da realidade concreta.

Fatores que determinam a forma de leitura

Para se determinar as formas de leitura podem ser considerados algumas perspectivas e paradigmas que devem ser considerados e superados segundo Carvalho (2010):

Perspectiva do texto – para haver compreensão é necessário que o leitor acione exatamente os mesmos significados, na mesma variação de possibilidades.

Perspectiva do leitor – a apropriação do conhecimento socialmente produzido dá significados ao texto lido e possibilita a interpretação.

As informações não-visuais – a leitura é auxiliada por palavras conhecidas e conhecimento da língua.

O paradigma psicolingüístico – possui duas propostas: a transacional (focaliza a perspectiva do leitor) e a teoria da compensação (envolve várias fontes do conhecimento).

O paradigma social – nesse paradigma se inclui a perspectiva do letramento, por letramento se entende o estado ou condição que adquire um grupo social ou individuo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita.

O papel da leitura na comunicação e interação social

Vermelho apud Sodré (2009) diz que a comunicação designa dois processos: o primeiro, é o de pôr em comum as diferenças por meio do discurso com ou sem o auxilio da retórica; o segundo, é o de interpretar os fenômenos constituídos pela ampliação tecnológica da retórica, o texto escrito. A retórica nesse contexto é a oralidade dita por Carvalho (2010) que a partir da oralidade para a criança constrói-se a idéia de que a escrita pode dizer coisas divertidas, portanto é bom saber ler.

A leitura nesse contexto assume a sua perspectiva de fruição, quando o leitor seleciona livremente a leitura que deseja fazer, sem a intervenção do professor e lê pelo prazer que isso lhe proporciona (Cavazoti, 2009).

REFERÊNCIAS

Carvalho, Íris Oliveira de. Teorias e modelos de leitura. Goiânia: FUNAPE/CIAR, 2010.

Cavazotti, Maria Auxiliadora. Alfabetização e Letramento. Curitiba: IESDE Brasil S.A. 2009. 160 p.

Vermelho, Sônia Cristina. Mídias e Linguagens. Curitiba: IESDE Brasil S.A. 2009. 208 p.



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